Acordei suando. De novo. Mas uma vez, eu sonhei com aquele garoto. Aquele garoto que eu não sabia quem era e não tinha idéia de como veio para no meu subconsciente.
Era estranho. Nos meus sonhos, ele aparecia sempre na mesma posição. Olhava pra mim, como se esperasse alguma coisa. Uma das mãos ficava no bolso. Não a tirava nunca. Eu corria desesperadamente atrás dele, mas não me mexia. Não avançava nem retornava, apenas corria em uma esteira imaginaria, tentando alcançá-lo. Por mais que tentasse, não conseguia me levantar. Então ele sumia e eu acordava sempre á 1h. e 13m.
Mas, afinal, não devia ser nada. Muitas pessoas têm sempre o mesmo sonho.
Voltei a dormir e só acordei novamente de manhã. Como de costume, arrumei e fui pra escola. A pé, claro.
Fui pelo caminho mais curto, como de rotina. Passei pela padaria do Seu Jorge, pela papelaria da Sra. Feck e pelo supermercado Grott. Esse ultimo me chamava a atenção. Não o supermercado em si, mas o caminho ao lado, nunca o havia seguido para ver aonde dava, mas sempre tive curiosidade. Não sei por que, mas hoje especialmente o fiz. Iria matar aula, mas e daí?
O caminho de longe parecia seguro e amplo, mas depois foi tomando mais a característica de uma trilha. Pensei em voltar, mas decidi avançar.
A trilha começou a ficar mais fechada, mas eu continuava..
De repente, ouvi um som. Uma musica. Ela vinha de um lugar que se destacava do restante da floresta em que a trilha tinha me metido. Era como uma clareira, com apenas uma pedra no centro. Uma pedra grande o suficiente para servir de banco.
Passei os olhos em tudo e nada me despertou lembrança alguma. Ate que eu vi quem estava sentado na pedra.
Era ele. O garoto que a acordava todas as noites. Moreno, o rosto perfeito. Ele era mais alto que eu, tinha lindos olhos castanhos e o maxilar definido. Exibia um sorriso tímido no rosto.
- Oi. – disse tímido. - Deve me reconhecer de algum lugar. Sou Matheus.
Eu não conseguia acreditar. O garoto dos meus sonhos na minha frente.
Fiquei paralisada. Sentia dentro de mim um aperto forte no coração. Sentia-me feliz acima de tudo. Como se esperasse por aquele momento a minha vida toda. Olhei para baixo, tímida. Vi meu relógio.
1 hora e 13 minutos.
O susto foi tão grande que dei um pulo pra trás. Percebi então que ele tinha sumido. O garoto tinha sumido!
No seu lugar, apenas um lapide no chão. Cheguei mais perto, gelada de medo.
E li os dizeres que eu mais temia. “Matheus Jefferson, 17 anos. Descanse em paz”.
Desmaiei.
Acordei no meu quarto. Era outro dia, de manhã. Logo pensei que era tudo um sonho. Outro sonho estranho. Na escola, sentei-me na classe, quieta.
- Temos um aluno novo – disse a professora. – Por que não diz o seu nome?
- Matheus Jefferson – disse, com a mão no bolso.
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